segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Sergio Lucena e Cláudia Lopes

Caros amigos,
Tide Hellmeister está no Espaço Cultural da Caixa na Sé, por certo, ao menos para mim, lá ele está como antes nunca o vi em lugar algum, mesmo quando conosco ele ainda estava. Tide Hellmeister está inteiro, composto de, e por toda "Brava Gente" que ele soube ser. Ele está lá, cada um deles, ou de nós, com suas biografias e naturezas tão únicas como único é este artista. Seus personagens trágicos, cômicos, patéticos, humanos, revelam um olhar acido mas não sem humor, um humor que desconcerta por mostrar que nada somos sendo tudo. Tide é aquilo que evitamos, a consciência do que somos e a responsabilidade que isto implica, mas nem de longe é um acusador.  Muito pelo contrario, diante os personagens do Tide nos deparamos  com a compreensão do fato que nem só as boas intenções nos bastam para alcançar a salvação, que a capacidade de responder pelo que afirmamos ou fazemos não apenas conta como é determinante. Tide é o bom Saturno e como é da natureza saturnina, dá-nos exatamente o que pedimos ou merecemos. 
Conheci o Tide, tive este privilegio, ou quem sabe merecimento dado a admiração mutua que havia entre nós, mas nunca tivemos o tempo necessário para um encontro maior. A vida sempre nos manteve a conta gotas, a alegria dos breves encontros, as promessas de visita mutua que não se cumpriram...  Daí ele se encheu e foi cuidar da vida noutras paragens.
Que alegria foi, finalmente, encontrá-lo em sua casa, finalmente ir visitá-lo e realizar um sonho tão acalentado...
Lá está ele recebendo a todos com um carinho indescritível, uma nobreza irreparável, uma generosidade sem fim.   Tide está manifesto inteiramente na mais bem montada exposição que se pode imaginar, algo construído com amor, um carinho e um respeito aliados a uma inteligência cenográfica e arquitetônica que mais que fazer jus ao Tide,  o revela.   Finalmente Tide em toda sua sofisticada grandeza.  
Aqui é importante observar algo nada é gratuito, o Tide inteiro, fabuloso, mágico, transcendente que lá no Espaço Cultural da Caixa na Sé nos espera é o Tide que só o amor poderia nos revelar, o amor e o carinho de duas criaturas que identificaram no Tide sua natureza, e com isto o significado do que são elas próprias. O que lá nos espera é algo que só o amor é capaz de produzir: uma REVELAÇÃO.
A Claudia Lopes e Simone Ajzental, a estas duas fadas, meus agradecimentos e cumprimentos mais sinceros.

Muito obrigado,

Sergio Lucena

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Sérgio
o nosso olhar é o que nosso interior nos permite ver, sempre em nossas conversas vc revela a magnitude de sua alma, a generosidade de seu coração. Obrigada por ter prestado tanta atenção em cada pequeno detalhe aos quais nos dedicamos. Obrigada por ter parado para sentir o que reside nesta homenagem singela, que no fundo tive receio de não corresponder a estatura da obra.  Tide é um mágico, um sensível extremo, de paixões intensas. Em cada montagem quando estávamos preparando até chegar nas obras os ambientes eram inabitados. Porém quando das caixas as obras saiam as maravilhas de Tide eu me sentia amparada, viva e mais que tudo me deixando pertencer ao mesmo tempo em que também obtinha a propriedade do pertencimento.
O destino desfiou uma linha tênue entre minha alma e o Tide, sinto-o profundamente em meu coração e nos momentos mais criativos do trabalho sentia-o em meu raciocino, atuava intenso em minha força criativa. Eu sei, esta força está aqui, dizendo dentro como mostrar a poesia concomitante pesada e super leve que obra traduz. Como Clarisse Lispector que vale sempre mais uma leitura, o Tide me pegou de jeito, na curva... Estou rendida, sem defesas diante da intensidade daquele olhar.
Os olhos do Tide, os seus olhos, os nossos olhos se revelam em cada pincelada. Talvez numa femilidade excessiva e numa submissão absoluta que a pintura para mim se impõe, minha personalidade forte e também pouco doce quis se esconder... Não mostrar a sensibilidade que tento abafar, mas defronte a grandezas como as do Tide e as suas,  como me esconder?! Fico sem saída... É como se tivesse que apresentar meu cerne, sem escapar, e, então a explosão de amor e paixão se impõe numa mistura de obras de mestres e a visão da fã e discípula. A correlação entre receber e doar se dá em verdade no âmago do mais belo do humano o verdadeiro amor, que só é, sem precisar de nada para ser e estar.
Obrigada a vc por nos receber em sua vida e seu coração 


Cláudia Lopes

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